Deixei meus livros de graça no meu aniversário e o resultado me surpreendeu

Talvez o problema não seja Marketing no fim das contas.

No dia 22 de março (meu aniversário) meus quatro livros ficaram gratuitos pela primeira vez na Amazon. Foi um teste que eu quis fazer porque eu nunca tinha feito esse tipo de promoção com meus livros. Não achava que era muito vantajoso, já que o autor não recebe nada quando o livro é "comprado" por zero reais, então não se recebe por páginas lidas. Por causa disso, eu não entendia muito bem a estratégia por trás desse tipo de marketing.

Mas eu resolvi fazer o teste, e coloquei logo os 4 livros de uma só vez para ficarem gratuitos somente no dia 22. Foi realmente uma "promoção de aniversário". Eu agendei a promoção, programei a postagem do criativo no Instagram, já impulsionando o post (sim, paguei pelo impulsionamento para que eu conseguisse atingir público para baixar os livros). Feito isso, segui com a minha vida.

Chegou dia 22, e era quase umas 07:00 quando acordei e decidi olhar os relatórios do KDP. Tamanha foi a minha surpresa quando vi que só algumas horas após a promoção ter iniciado, já constava 31 downloads. O dia foi passando e eu vi meus livros entrarem em rankings na Amazon, algo que nunca havia acontecido antes. Três livros meus (A Sinfonia do Submundo, Gancho e Neuroclasmus respectivamente) eram o top 3 da categoria de ação e aventura e estavam no top 10 dos gêneros que pertenciam (fantasia e ficção científica). Foi surreal para mim.

A promoção foi concluída com 446 downloads, e eu considero isso um sucesso, principalmente porque foi uma promoção de apenas um dia. Isso me ajudou a perceber porque tantos autores deixam os livros gratuitos.

Isso amplia o acesso às nossas obras e nos dá reconhecimento. É uma estratégia de marketing de longo prazo, algo que faz parte, querendo ou não, da carreira do escritor. Isso também me fez refletir sobre as estratégias de marketing literário e porque eu sempre tive a sensação de que estava fazendo errado, embora fizesse, "dentro das regras". O problema não era o marketing, nunca foi. Eu impulsionei um post em que o criativo era simples, sem muitos gatilhos, sem muitos detalhes e sem hashtags para divulgar essa promoção e o resultado foi melhor do que quando tentava divulgar meus livros com um marketing mais forte. Então não, o problema não é o marketing, ou a minha presença reduzida das redes sociais.

O problema é a falta de acesso a literatura no Brasil. Obviamente, nós que somos escritores, queremos ganhar dinheiro, é o nosso objetivo, nossa linha de chegada. Mas, ao mesmo tempo, nossos livros não são um produto qualquer, eles tem significado. Nós sabemos disso, mas o público não sabe.

O público não pode se dar ao luxo de arriscar em coisas novas sem saber de onde vem. Você pode até convencê-lo do valor da sua história, mas, quando ele for colocar na balança, outras coisas da vida vão pesar mais, e ele vai perceber que comprar seu livro não é algo primordial em sua vida. E tá tudo bem.

O que eu aprendi com isso tudo?

Que o maior desafio para os escritores independentes talvez não seja só o marketing, mas sim encontrar formas de tornar a literatura mais acessível e despertar o interesse do público. Se as pessoas têm receio de investir dinheiro em um autor novo, a estratégia pode ser primeiro conquistar leitores, e só depois transformá-los em compradores.

O valor de um livro não está só no preço, mas no impacto que ele causa em quem o lê. E, às vezes, abrir mão do retorno imediato pode significar um investimento a longo prazo: mais leitores conhecendo seu trabalho, recomendando para outros e, quem sabe, voltando para comprar os próximos livros.

Se eu faria essa estratégia novamente? Com certeza. E talvez, no próximo aniversário, eu tenha surpresas ainda maiores.